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Percursos...Carlos Simões

Para começar este artigo, definitivamente teria de agradecer a escola, aos professores e alunos por me terem feito o convite e me terem recebido tão calorosamente.

Talvez deva referenciar que a escola cresceu, que já não passa só de um simples 'corredor' com poucas salas de aula, uma cozinha e um pequeno mas modesto restaurante de aplicação. Mas sim uma instituição com todo o layout perfeito para uma aprendizagem profunda desta profissão. Acredito que hoje os alunos podem desfrutar de condições que os levarão a futuros brilhantes.
 
A minha passagem pela escola como aluno foi muito importante para o 'papel' que desempenho hoje, ganhei a paixão pela profissão de empregado de mesa, e tudo o que envolve as comidas e bebidas. Sem dúvida os três melhores anos de escola. Fazem já seis anos que cheguei ao mercado de trabalho e desde então nunca parei de seguir o sonho de um dia vir a ser reconhecido por todo o esforço e poder contribuir para evoluir o nosso mundo de hotelaria.
 
Depois da escola, fui empregado de mesa, chefe de sala, sommelier (escancão, num restaurante estrela michelin), formador por um ano lectivo, e finalmente cheguei a Londres em Setembro de 2010, directamente para o Gordon Ramsay (3 estrelas michelin e segundo melhor restaurante do mundo em 2002).
 
Quando aqui cheguei, engane-se quem pensar que foi fácil, o trabalho é super competitivo e o detalhe é muito mais importante ainda. Comecei por aprender o menu ao pormenor, conhecer o serviço, e só depois de um mês, fui promovido a empregado de mesa, e contactar então com os primeiros clientes.
O dia de trabalho era longo, 14 a 15h diárias, e não havia cantina para o pessoal, pelo que faziamos as refeições em pé na cozinha.
 
A sala tem de estar perfeita em pormenor, nada pode falhar, os uniformes do pessoal são verificados, a mise-en-place, a posição de cada cadeira, até o centro de mesa, tudo tem de estar em harmonia e simplesmente alinhado e perfeito.
 
Do restaurante Gordon Ramsay, passei para o Dinner By Heston Bluementhal, outro grande chefe, dono do mítico The Fat Duck, com três estrelas michelin e melhor restaurante do mundo em 2005. Aqui tive a felicidade de conhecer Joao Pires, o único master sommelier da península ibéria, e um dos 120 no mundo inteiro.
 
Começou um capítulo novo na minha vida. o sommelier profissional. É um trabalho duro, em que os conhecimentos acerca de vinhos, a postura e a performance é extremamente importante, pois lidamos com as mais altas celebridades todos os dias.
Apercebi-me mais que nunca que um grande profissional em Londres, tem de estudar e melhorar todos os dias para não ser ultrapassado e posto de lado.

A última palavra a todos os alunos é que sigam sempre o vosso sonho, seja ele qual for...

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