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Desisto!

Em final do mês de junho saiu um artigo no site do Público on-line a propósito das taxas de conclusão dos alunos do Ensino Profissional em Portugal. O artigo, pequeno e com pouca profundidade de conteúdo, afirma que são os alunos com mais fraco rendimento escolar que optam pelos cursos profissionais.

O que falta explicar neste artigo é o porquê de isso acontecer. E a justificação é tão só o péssimo e claramente parcial trabalho de orientação escolar e profissional que é feito pelos psicólogos das escolas públicas que teimam em rotular os alunos e com base nesses rótulos influenciá-los para determinados percursos escolares. Eles são efetivamente os agentes que junto dos alunos mais poder têm para influenciar as suas decisões numa fase tão crítica como são as opções no final do 9.º ano de escolaridade, numa altura em que muitos ainda não sabem o que pretendem fazer no seu futuro profissional.

Grave é contudo a orientação dada que, muitas vezes, força vocações, castra aptidões apenas com o único objetivo de completar turmas nas escolas secundárias públicas ou privadas, pouco se importando com os efeitos dessa influência na vida daqueles jovens, que tantas vezes se vêm em situações escolares com as quais em nada se identificam… levando a engrossar os elevados níveis de abandono escolar do nosso país. O abandono escolar em Portugal tem variados fatores, sendo talvez o mais significativo as dificuldades económicas ou o facto de serem cada vez mais os jovens que vivem em famílias completamente destruturadas que não os apoiam ou acompanham na sua vida escolar, deixando as decisões apenas para o aluno e o papel de educar apenas na Escola.

Contudo, se existisse um verdadeiro trabalho de orientação escolar e profissional, desinteressado, realmente preocupado com os alunos e com as suas aspirações, bem enquadrado no sistema de ensino nacional, muitos dos jovens, potenciais desistentes, poderiam ser integrados em percursos e realidades escolares com os quais se identifiquem e assim evitar-se muitos abandonos e atrasos de conclusão do ensino obrigatório, agora elevado para o 12.º ano de escolaridade. Os técnicos que fazem o trabalho de Orientação Escolar e Profissional são os primeiros a criar rótulos para os alunos deixando-se influenciar por todo o percurso que aquele aluno já teve na Escola e fazendo com que as suas escolhas não apontem para um desvio positivo no caminho que vêm trilhando, muitas vezes de insubordinações, de absentismo, de problemas disciplinares.

A Escola Profissional de Ourém tem, há 20 anos, um historial de recuperação de alunos considerados péssimos alunos em escolas públicas… porque se importa realmente com eles, porque olha por cima de estereótipos, porque faz um acompanhamento individualizado, porque procura perceber junto do aluno e dos seus familiares o motivo de comportamentos desadequados e de percursos académicos irregulares. Porque é uma escola familiar onde os alunos não se sentem desacompanhados, porque é uma escola com um ensino muito mais prático onde os alunos percebem o porquê das várias aprendizagens, porque o tipo de ensino é diferente, mais focado no aluno e na sua responsabilização enquanto aluno e futuro profissional. Estes são apenas alguns dos fatores que levam a que, em comparação com taxas de abandono nacionais no que respeita aos cursos profissionais, as taxas de desistência da Escola Profissional de Ourém seja inferior.

Segundo o mesmo artigo do Público on-line, as taxas de desistência dos alunos que frequentam cursos profissionais em escolas públicas (dados de 2011) é de 24,3%. A mesma taxa na Escola Profissional de Ourém é de 15,79%. Sem dúvida um número bastante inferior, sendo que este é um problema perfeitamente identificado e para o qual se têm vindo a implementar medidas com vista à sua redução… porque a EPO se preocupa realmente com os seus alunos e com o seu futuro.

Sofia Albuquerque
Coordenadora do Gabinete de Comunicação da Insignare

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