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Educar para competir ou educar para as competências?

Artigo de opinião - INFORMAR 25 de dezembro 2015

Na semana em que vieram a público os rankings das escolas, reacendem-se os debates em torno da escola pública/escola privada e a consequente competitividade resultante dessa classificação. Os números são importantes, mas podem ser muitas, também, as suas leituras. Na minha opinião, é preciso não nos atrapalharmos neles e refletir sobre o seu alcance. A cultura da competitividade tem sido um apanágio da sociedade moderna que impele os alunos a tentarem ser melhores que o outro, a tirarem as maiores notas, muitas vezes estimulando atitudes individualistas e até mesmo quase predatórias. Esta obsessão pelos resultados, não levará as Escolas a adotar comportamentos semelhantes? A ver vamos, se nos próximos dias, não surgirão discussões acerca da qualidade do ensino ministrado numas e noutras… justificações baseadas na seleção dos alunos ou nas condições socioeconómicas… e já agora, não teremos nós, em Fátima, bons exemplos de gestão privada do ensino público?

Em vez de perdermos tempo a discutir egocentrismos institucionais devemos, isso sim, tornar a educação uma obsessão nacional. Os países mais bem posicionados nos rankings de competitividade são diferentes uns dos outros, mas têm alguns pontos em comum. O principal é o nível educacional da sua população baseado, em particular, no desenvolvimento de competências. Entre eles destaca-se a Coreia do Sul e a Irlanda que fizeram uma revolução no ensino, na última geração, e hoje já colhem os reflexos no crescimento das suas economias. Até há pouco tempo, o diploma, o saber, oferecia garantias de competências. Hoje, esta visão deixou de ser verdade pois as competências exigem mais do que saberes. Claro que os diplomas são importantes e decisivos em particular na inserção profissional inicial, mas hoje não determinam a permanência no mercado de trabalho, pois esta só será garantida pelas competências adquiridas, validadas e atualizadas, garantindo assim a empregabilidade.

As competências ultrapassam o mero saber, são as modalidades estruturais da inteligência, operações que utilizamos para estabelecer relações com objetos, fenómenos e pessoas. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano do saber-fazer. Por meio das ações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando a reorganização de novas competências.

Porque vivemos num mundo de incerteza onde a sociedade multiplica ambiguidades e a realidade económica exige preparação intelectual, criatividade e inovação, exige-se em crescente, uma pedagogia para as competências.  

 

Célia Vieira

Docente da EHF

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